CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA
Entre os dias 14 e 17 de agoato de 2012 realizou-se em Campina Grande/PB o 8º Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de Água de Chuva. Participamos também com a apresentação de um painel(banner) cujo conteúdo resumido segue abaixo.
INSTALAÇÃO DE CISTERNA ELEVADA EM UMA GRANJA NA REGIÃO LITORÂNEA DO RIO GRANDE DO NORTE
1-
POR
QUE CAPTAR ÁGUA DA CHUVA EM LOCAIS COM BOA PRECIPITAÇÃO?
A
qualidade da água principalmente nas grandes cidades gera preocupação por parte
das autoridades. Segundo a TRIBUNA DO NORTE, durante os últimos dez anos,
por exemplo, 38 poços tiveram de ser desativados na cidade de Natal/RN, por
conta da alta concentração de nitrato registrada nas águas retiradas dessas
fontes.
De acordo com GERHARDT(2012), na região de
Ribeirão Preto e Triângulo Mineiro, por exemplo, o desabastecimento causado nos
47 bairros no dia 01/03/2012 teve relação direta com a falta de energia
elétrica durante a madrugada. É todo um sistema integrado e com a queda da
eletricidade as bombas e equipamentos responsáveis pela distribuição de água
nas regiões atingidas deixaram de funcionar.
A
captação de água da chuva apresenta-se, portanto, como alternativa de baixo
custo e uma medida importante também em áreas não sujeitas a estiagem
prolongada, pois a contaminação dos lençóis freáticos e a relação do
abastecimento de água com a disponibilidade de energia elétrica são apenas
alguns fatores que afetam a qualidade e a quantidade da água disponível para
utilização humana.
2-
OBJETIVOS
O
presente trabalho relata a experiência da instalação e utilização de uma
cisterna construída de forma a estar elevada do solo. Tal modelo de cisterna
apresenta vantagens em relação às cisternas convencionais, pois possibilita a
utilização de água em áreas próximas que estejam em nível inferior ao assoalho
da cisterna através da força gravitacional, além de facilitar os procedimentos
de retirada da água e a manutenção de sua qualidade. A experiência apresenta
ainda uma forma de otimização do relevo local, utilizando a força da gravidade
para abastecimento de uma pia, além de um projeto de banheiro abastecido com
água de chuva a ser instalado na propriedade.
3-
A
CISTERNA ELEVADA
Optou-se por construir uma cisterna
que possibilitasse facilidade de uso, rapidez na sua instalação e que, ao invés
das cisternas construídas abaixo ou ao nível do solo, possibilitasse também a utilização
de água pela força da gravidade.
Em
atividades que exigem pequenas quantidades de água em intervalos curtos, como
por exemplo a irrigação de jardins e hortas, a cisterna elevada dispensou a
utilização da bomba, poupando o equipamento e representando economia
energética.
Pela dispensa do uso de baldes ou canecas, não
há contato com a água nem abertura desnecessária da tampa da cisterna, pois o
abastecimento ocorre através de canos colocados no nível do assoalho da mesma.
4-
MATERIAIS
E MÉTODOS (SISTEMA ATUAL)
A cisterna é de polietileno e possui 500L de
capacidade. Existe uma base construída com cimento e tijolos que circunda toda
a cisterna, protegendo-a contra impactos e elevando-a 40cm do solo . A captação
se dá através de uma calha de zinco com 3m de comprimento por 50cm de largura,
que colhe água pluvial proveniente de parte do telhado da casa. Há uma peneira
de uso doméstico que foi adaptada e fixada no orifício de saída de água da
calha, servindo como filtro inicial para retenção de folhas ou pequenos
animais. O cano que liga a calha ao reservatório tem 1,80m e diâmetro de 100mm.
Na saída do reservatório (ponto A) existe um registro de passagem e dois
canos de ½ polegada (saídas 01 e 02).
A
poucos metros de distância há um pequeno jardim que é irrigado através de uma
mangueira encaixada na saída numero 01 da cisterna. Esta mesma mangueira é
suficiente para possibilitar a irrigação de uma pequena horta que dista 20m da
mesma.
Em
relação às cisternas tradicionais, o fato de ser elevada facilita a
distribuição da água. Como o terreno possui inclinação de aproximadamente 4°, a
saída numero 02 da cisterna alimenta através de um cano subterrâneo a pia de
uma área de lazer situada a 47m de distância (ponto B). A torneira eleva-se do solo 120 cm e possui
excelente vazão, permitindo que atividades como lavagem de pratos e talheres,
anteriormente realizadas dentro da casa, possam ser efetuadas na própria área
de lazer.
5-
AMPLIAÇÃO
DO SISTEMA
Diante
da existência de toda a infraestrutura para captação, armazenagem e condução de
água, existe o projeto para construção de um banheiro que terá chuveiro, pia e
vaso sanitário abastecidos por água da chuva. O referido banheiro será
construído em uma área distante 39m da cisterna(Ponto C). Foi verificada
a altura máxima atual que a água atingiria se o banheiro fosse ali construído e
verificou-se que naquela distância a altura máxima é de 1,65m, exigindo algumas
adaptações para que a água chegue a uma altura suficiente para possibilitar a
utilização do chuveiro.
Como solução foi encontrada a posterior ampliação
da distância da cisterna em relação ao solo, além do aumento de sua capacidade.
Para isso será adquirido um reservatório de 2000L, além de um incremento de 1
metro na base de tijolos, fazendo com que a cisterna esteja a 1,40m do solo e a
água alcance 2,65m no ponto C. Isto possibilitará uma boa vazão de água
no chuveiro e demais equipamentos do banheiro.
6- CONCLUSÃO
O
uso da cisterna elevada e os projetos de otimização da declividade do terreno servem como exemplo para propriedades que
possuam topografia semelhante e possam adaptar este projeto a suas realidades, possibilitando
as vantagens anteriormente citadas, com baixo custo. Constitui-se também como
alternativa para quintais em áreas urbanas, disponibilizando água para
utilização em jardins e hortas domésticas ou consumo humano em situações de
desabastecimento temporário.